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A mostrar mensagens de setembro, 2012

d'O Lugar

Ele – Poderia agora ver-te? Eu – Sim. Ele – Tocar-te? Eu – Sim. Ele – Dizer o teu nome? Eu – Não. Ele – Quanto tempo passou? Eu – Não sei. Talvez muito pouco. Ou talvez demasiado. O relógio não soa. Nada já soa. Tudo é silêncio. Ele – Quero chorar… Eu – Também eu… ( Choram em silêncio, frente a frente. ) Ele – Vê que nestas lágrimas nos escorrem as almas… Preciso de ti… Eu – Entra, mas entra de mansinho, não devemos acordar o passado de rompante. Eu não resistiria… Ele – Tenho medo… Tenho medo desse para lá da porta… Hesito… Como uma criança… Diz-me que está tudo bem… Eu – Digo-te que a minha pele respira. E isso é bom. ( Ele entra. ) Ele – Sonhei este momento demasiadas vezes. Sonhei entrar aqui como um pássaro, voando, até pousar no teu colo. E no entanto, agora, sinto-me pesado, pesado, como chumbo. Arrasto as minhas magras forças para dentro dos cheiros, dos espaços, dos objetos… Tudo me fala estridente, demasiado