Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2011

Pele

O teu novo amor há-de trajar Como se fora a minha pele Assim estarei perto de ti Do teu amor distando Completamente de mim   Quero cindir a humanidade Em duas partes E habitar no meio vazio Eu Nem mulher Nem homem Heiner Müller, Material de Medeia, Trad. Anabela Mendes

tu e eu

Imagem
as fitas atadas do tempo no desencontro infantil... o querer brotando em sorrisos que se ampliam do nexo ao plexo... o toque suave suave fugindo no trivial cumprimento... a vontade riscando o céu imenso para lá do vidro... a mesa entre nós... as mãos orquestrando conversa em longínqua melodia... o olhar onda quebrando forte na rocha dos títulos... os dedos dissolvendo os factos... cada regresso abre espaço ao ângulo da história vertendo urgência... o vento abate-se no vidro, a mesa ondula e afunda, o cenário desaparece para lá da exígua distância entre as nossas respirações... tu e eu, aqui e agora... tu e eu, encontro? ou quimera?

Sandishina

Imagem
Sandishina, sê bem-vinda! Vem, dá-me o braço, vou mostrar-te a minha cidade. As ruelas estreitas, as gentes apressadas, as vozes, as cores, os cheiros... As sandálias de Shandishina. As calças largas esvoaçando, suave carícia em cada esquina... Os olhos de Shandishina, cheios de vida, cheios de luz. O sorriso infantil... Anda, sentemo-nos aqui um pouco. Um chá de menta. Uma chicha de Makasidir. A máquina fotográfica de Shandishina. A curiosidade por tudo e por nada. Todas as perguntas. As mãos nos tecidos, nas tapeçarias... Não, não queremos nada, obrigada... Conta-me do velho mundo, essa Europa envelhecida, essa Paris destroçada... Pois não, continua nas luzes, sim Sandishina, claro, que estupidez!... Natureza? Oh, sim, tanta... O lago de Kualapi, a água amarela quente, sim, enxofre... A minha mulher partiu, sim, não se pôde fazer nada... Três filhos, Sandishina, em escadinha, o varão dá-me por aqui... Sim, estão agora na escola... Não, já não choro, mas sim, choro... Não me po

vou

vou voar está para breve a onda quebrou nas horas de todas as tantas demoras vertidas neste mar. vou voar já nem é um aviso é uma certeza sabida colorida dentro de mim. o feno agita-se já sob a mão dócil do vento canto o que era lamento celebro a fértil estação vou voar, amor do meu coração já abri as asas já saí do chão.