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A mostrar mensagens de julho, 2011

olha para mim

olha para mim eu que não digo nada que espero a curva da estrada que me detenho porque te amo olha para mim lê no meu silêncio o mar que me bate no peito e a inquietude em que fico até ao desfazer da espuma olha para mim sem gritos, sem loucura que já é tanta a desmesura deste amor que se lança a direito contra o dique da cidade olha para mim e sente este meu por dentro que te procura a medo entre lágrimas macias e gestos suspensos olha para mim e diz-me que sabes da eternidade num passo ou desta efémera a luz que nos desfia os dias olha para mim e dá-me a tua mão e deixa-nos ficar assim a embalar em silêncio este tempo de aprender a chegar de mansinho.

Chimamanda Adichie: O perigo da história única

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paz

nasceu no silêncio. entre lutas, gritos, compromissos era um desabafo inconstante uma perdidez dos olhos pelas paredes uma ternura mansa pelo abandono ao real era frágil e indizível não se dava por ela ninguém saberia contá-la muito menos eu nasceu na escuridão abafada pela azáfama modorna da minha vida, de todas as vidas mesmo quando a luz se apagava e um bocejar último descia as pálpebras rumo ao destelhar dos corpos contra a terra nasceu prematura, imatura, rebelde numa quietude fervente plena de estalidos internos que acicatavam os vagabundos e atordoavam os parvos nasceu bela como a lua nasceu pobre nua arrancando lágrimas à solidão exasperando os meus passos de encontro ao calor dos dias e não sei porquê ainda hoje não sei porquê pus-me a segui-la com toda a minha atenção glosei o instante em que a vida lhe soprou o olhar na minha direcção fiz de cada seu passo o caminho em que me achava nas dores de crescimento apertei-lhe a mão do riso e da

lembro-me

lembro-me quando era menina e ainda sou menina lembro-me quando era feliz e volto a ser feliz lembro-me de pensar em ti e tu apareceste lembro-me de sonhar que voava e hoje sou brisa lembro-me do que foi e tudo volta a ser onde o sol se inclinava agora é o amanhecer