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A mostrar mensagens de agosto, 2009

Regresso à urbe

a urbe buzina, zunzina, antecipando o frémito retorno dos seus protagonistas. o calor denso e húmido dos dias contrácteis recebe os ainda histéricos veraneantes, lentamente apaziguados no porvir das fachadas históricas, das portas conhecidas, das casas reencontradas. há um sorriso ameno, que em nada queima ou gela, que os percorre no exacto momento de poisar as malas. a casa está diferente, qualquer coisa nas dimensões, nos cheiros, nas cores... tais percepções logo se dissipam no rehabitar do estore corrido, da janela aberta, da série de telefonemas «cheguei!». onde chegámos? de onde viémos? que viagem foi essa? mudámos, realmente, em qualquer coisa? abrimo-nos, na verdade, a quê? essa saudade antecipada nos recontares, nas fotografias, nos posts facebookianos, chegará a ter sido por algo veramente acontecido? o chão está cheio de pó e a gata, quase dócil, queixuma a sua solidão ronronando pelas encostas do sofá. no tecto arriscam-se grossas teias de ousadas aranhas desfilando intrépi

Indi

ao meu lado do nosso lado connosco para nós para lá de nós... o chocapic o bolicao o podes podes shiu não digas nada tan ta ra na tan ta ra tan ta ra na tan ta ra tan tan tanto é que foi mesmo tanto resfolego agora no silêncio da casa quieta no hiato em que o meu herói dorme pesado, profundo, tranquilo sonhará aquelas nossas vossas suas intensidades verdades o tempo dilatou expandiu-se deveras e o meu corpo foi ía e prosseguia aquela aventura imensa aquele mapa do tesouro sou eu, o indiana jones sou eu... lámigras caramões pedrinhas que afinal são tostões vale tudo tudo, mesmo neste ser presente ao tempo neste estar aqui sem página seguinte obrigada, Indi muito obrigada que bom que foi tudo obrigada que bom que ainda é esse tudo agora no espasmo do corpo cansado no manso sono do herói cumprido à minha frente o tesouro brilha cada momento de partilha cresce-nos desmesuradamente percebi, Indi não senti profundamente, Indi o quanto precisamos uns dos outros para crescer.

heaven on earth

as rochas suam, devagar e brilhantes, uma água puríssima que mais não faz que tomar sulcos antigos. no seu caminho, brotam todas as vagens, sementes, raízes; estendem-se todos os troncos; desvelam-se todas as folhas e flores e frutos. a montanha exibe mil relevos à silhueta, que a todo o tempo se metamorfoseia num morno compasso, do sol nascer ao sol pôr. os animais cumprem seus rituais com vagar e distância. e o animal homem avança, descalça-se, despe-se, mergulha na água puríssima, estende-se numa rocha nua ao sol, afasta suavemente do peito uma folha caída da brisa ténue, fecha as pálpebras e ouve o rulhar da cascata, o resfolegar do cavalo, o zumbir do zangão, ouve o sopro tranquilo do próprio sono, a modorna que o embala. a natureza acaricia o animal homem. ele come bem, dorme bem, acorda bem, fala pausadamente, pensa pouco, sorri muito. e sobretudo deseja. o animal homem deseja. o desejo entra-lhe por todos os poros e sai-lhe por outros que ele próprio desconhecia. tomar suavemen