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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

Xumn, o Rei

Justeza a ti, Senhora. Lágrimas de água flutuando dispersas sobre os meus cabelos. Camponeses rindo suaves melodias de infantis novelas. O sopro da maga fêmea ondulando brisa. O braço do mago vagueando alhures. Quem sabe o que sinto discorre no brilho uns olhos viris. A vontade pulsa selvagem ainda, imberbe, ainda, expectante, sempre. Quem calar infâmias com demagogia vai ferir Aquiles no seu calcanhar. Ode aos Heróis. Ode ao ousar de retesada fibra. Ferir o presente sem temer seu eco é salto imortal sobre o vale perene. O feno acicata suave a face que se dá. Ao destempero do seio seminú, todos os cânticos, todas as danças. O olhar cruzado de desejo instila a derrocada no topo da montanha. E o olho da águia vê mais que nós todos juntos em demasia. Contando continhas contadas favinhas são pés pulsando vida no pó indigente. Um rosto que se acende. Uma alma revelada. Somos tanto - somos nada. E em tudo isto que escrevia, Xumn empalidecia. Sob o sol laranja de um dia em queda, sobre a ar

Recuperamo-nos na amizade

É tão verdade! Recupero-me em ti, na nossa amizade. Que bom teres vindo! Com a costumeira garrafa de vinho E tantos dedos de conversa... O tempo escorreu Sobre a mesa Sob os risos Entre nós Os brindes A sonhos Em novo ano tecidos. Gosto muito de ti. És-me tanto e eu sabia Que um dia seria este Em que por tua amizade Essoutra suspensa parte De mim a mim tornaria.

Raquel

Vamos contar a história De alguém muito especial Menina, feita de sonhos, Raquel, não há outra igual! Quando era da nossa idade, Passava o dia a brincar, E à noite, mal se deitava, Esperava a lua chegar… E então… A lua chamava as estrelas, Que cobriam os céus de prata, E Fadas, com laços de flores Duendes, com asas de ouro Magos, com barbas de neve Animais e plantas falantes, Deuses e Anjos dos céus… Juntavam-se à sua janela Bailando em remoinhos E Raquel voava com eles Para o país dos sonhos… Riam e brincavam Todos juntos, toda a noite Pelos bosques encantados Pelos mares não navegados E no silêncio do quarto Uma manta se tecia Que Raquel, quando acordava No seu baú escondia… E então… Os anos foram passando, E Raquel, Soleah, Marta Outros nomes adoptou Escolheu ser professora Depois foi mãe e avó E a todos os meninos As suas histórias contou… Mas o seu baú de sonhos Coberto de teias e pó Ficou esquecido no sótão Da casa da sua avó E como por magia Ele veio cá parar Se fechares

uma certa dose de loucura

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(imagem criada por computador, chuva de estrelas num universo em expansão criativa) há um ano atrás, exactamente, deixei aqui uma missiva a 2010, de « uma certa doçura ». balanceando a coisa, acho mesmo que se cumpriu. com uma certa doçura encontrei coisas doces e tratei as mais amargas. isso me valeu alguma tranquilidade... para o ano que hoje se inicia, desejo mais fortemente... uma certa dose de loucura. é isso mesmo. é o que me apetece! porque a loucura, a mim, instila o prazer. o gosto pelo arriscado. a desmesura do salto em frente. naturalmente, com alguma mesura no risco - também já não me apetecem os precipícios. mas a este ponto da vida, sabendo tão bem do que gosto e adivinhando com alguma segurança o que me convém, reflicto que me falta uma certa dose de loucura. para atirar o laço e apanhar-me no salto. para conquistar certas coisas que sempre ficam pendentes no «não sei.. será?». e tal como a mim desejo isto, assim o desejo a todos aqueles de quem gosto. ponham lá uma

mudança

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ribombavam sonetos de boas vindas ao ano novo. o rio brilhava naquela sua quietude costumeira de engolir bazofo um cai mal imprevisto. fechei os olhos. na escuridão do meu universo interior deixei que se desenhasse uma palavra. uma palavra para o ano novo. «mudança». apareceu determinada, grossa, ligeiramente ascendente. sorri no universo. a palavra apagou-se. não posso dizer que a minha vida tem sido assim como a do rio. na verdade, em mudança me sinto eu constantemente. mas há algumas mudanças que são mais que outras. aquela palavra foi mais um pedido que um oráculo - reflecti. é o que quero. uma certa mudança. mas não sei se o mundo conspirará a favor. acho que é essa, fundamentalmente, a beleza da vida. toda a sua constante mutabilidade. toda a sua inexorável incerteza.

nasceu uma estrela

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