Sandishina
Sandishina, sê bem-vinda!
Vem, dá-me o braço, vou mostrar-te a minha cidade.
As ruelas estreitas, as gentes apressadas, as vozes, as cores, os cheiros... As sandálias de Shandishina. As calças largas esvoaçando, suave carícia em cada esquina... Os olhos de Shandishina, cheios de vida, cheios de luz. O sorriso infantil...
Anda, sentemo-nos aqui um pouco. Um chá de menta. Uma chicha de Makasidir.
A máquina fotográfica de Shandishina. A curiosidade por tudo e por nada. Todas as perguntas. As mãos nos tecidos, nas tapeçarias...
Não, não queremos nada, obrigada...
Conta-me do velho mundo, essa Europa envelhecida, essa Paris destroçada... Pois não, continua nas luzes, sim Sandishina, claro, que estupidez!...
Natureza? Oh, sim, tanta... O lago de Kualapi, a água amarela quente, sim, enxofre... A minha mulher partiu, sim, não se pôde fazer nada... Três filhos, Sandishina, em escadinha, o varão dá-me por aqui... Sim, estão agora na escola... Não, já não choro, mas sim, choro... Não me ponhas o braço, aí vem o teu abraço...
Ai, Sandishina, que lugar calmo esse, o do teu perfume, a cabeça pequena, os caracóis bem tratados, lá na cidade das luzes, quanto amor deves luzir...
Lembras-te de nós, em Sifnos? Tão jovens, ainda... Na luta pela eco-revolução, sim, aquela tarde de passeio amena, e depois, a raiva, quando soube que tinham bombardeado a nossa sede, e depois a viagem de autocarro, que péssima, a descrição da minha terra, "It's like fucking Disneyland...". A velha lendo as borras do café... A subida da montanha e tu a admirares a luz do suor das minhas costas em "V"... Éramos belos, Sandisnhina, loquazes, felizes, intrépidos na escalada da montanha, da vida, sim...
Eu deixei uma carta, um pedido de casamento, ah!, sim, que tolice...
A tua reportagem, claro - vamos ver o Sheik, já não há Sheik, mas sempre haverá o Sheik, somos assim, cheios de contradições, não faças essa cara, hein?!
Como tudo fica mais fácil quando estás presente... O Sheik rendido a teus pés... O que não consegues tu, Sandishina?... Talvez isto me ajude no Comissariado... Tomas o Palácio como uma Amazona toma um amante... Jantar, honrarias, presentes até... As mais belas bailarinas, o vinho mais doce... Tenho que ir, Sandishina, temos que ir, agora é perigoso, não, não vamos dançar... Não aqui!
A cidade fervilha de emoção... Aqui conduz-se ao contrário... Se dançarmos, Sandishina, se eu te enlaçar pela cintura, o tempo dissolver-se-á para sempre... Para sempre... Para sempre...
Vem, dá-me o braço, vou mostrar-te a minha cidade.
As ruelas estreitas, as gentes apressadas, as vozes, as cores, os cheiros... As sandálias de Shandishina. As calças largas esvoaçando, suave carícia em cada esquina... Os olhos de Shandishina, cheios de vida, cheios de luz. O sorriso infantil...
Anda, sentemo-nos aqui um pouco. Um chá de menta. Uma chicha de Makasidir.
A máquina fotográfica de Shandishina. A curiosidade por tudo e por nada. Todas as perguntas. As mãos nos tecidos, nas tapeçarias...
Não, não queremos nada, obrigada...
Conta-me do velho mundo, essa Europa envelhecida, essa Paris destroçada... Pois não, continua nas luzes, sim Sandishina, claro, que estupidez!...
Natureza? Oh, sim, tanta... O lago de Kualapi, a água amarela quente, sim, enxofre... A minha mulher partiu, sim, não se pôde fazer nada... Três filhos, Sandishina, em escadinha, o varão dá-me por aqui... Sim, estão agora na escola... Não, já não choro, mas sim, choro... Não me ponhas o braço, aí vem o teu abraço...
Ai, Sandishina, que lugar calmo esse, o do teu perfume, a cabeça pequena, os caracóis bem tratados, lá na cidade das luzes, quanto amor deves luzir...
Lembras-te de nós, em Sifnos? Tão jovens, ainda... Na luta pela eco-revolução, sim, aquela tarde de passeio amena, e depois, a raiva, quando soube que tinham bombardeado a nossa sede, e depois a viagem de autocarro, que péssima, a descrição da minha terra, "It's like fucking Disneyland...". A velha lendo as borras do café... A subida da montanha e tu a admirares a luz do suor das minhas costas em "V"... Éramos belos, Sandisnhina, loquazes, felizes, intrépidos na escalada da montanha, da vida, sim...
Eu deixei uma carta, um pedido de casamento, ah!, sim, que tolice...
A tua reportagem, claro - vamos ver o Sheik, já não há Sheik, mas sempre haverá o Sheik, somos assim, cheios de contradições, não faças essa cara, hein?!
Como tudo fica mais fácil quando estás presente... O Sheik rendido a teus pés... O que não consegues tu, Sandishina?... Talvez isto me ajude no Comissariado... Tomas o Palácio como uma Amazona toma um amante... Jantar, honrarias, presentes até... As mais belas bailarinas, o vinho mais doce... Tenho que ir, Sandishina, temos que ir, agora é perigoso, não, não vamos dançar... Não aqui!
A cidade fervilha de emoção... Aqui conduz-se ao contrário... Se dançarmos, Sandishina, se eu te enlaçar pela cintura, o tempo dissolver-se-á para sempre... Para sempre... Para sempre...
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