olha para mim
olha para mim eu que não digo nada que espero a curva da estrada que me detenho porque te amo olha para mim lê no meu silêncio o mar que me bate no peito e a inquietude em que fico até ao desfazer da espuma olha para mim sem gritos, sem loucura que já é tanta a desmesura deste amor que se lança a direito contra o dique da cidade olha para mim e sente este meu por dentro que te procura a medo entre lágrimas macias e gestos suspensos olha para mim e diz-me que sabes da eternidade num passo ou desta efémera a luz que nos desfia os dias olha para mim e dá-me a tua mão e deixa-nos ficar assim a embalar em silêncio este tempo de aprender a chegar de mansinho.