Folha #3_insignificato

A vida… O que realmente importa... A essência que retorna à luz do sol, e refulge sobre as águas, agora calmas, de um mar explosão. Assim somos. Insignificantes nadas devagar esculpidos na maré batente. Agregamo-nos. Tomamos forma. E somos empurrados para longe das margens. Débeis rendilhados flutuantes, desfrutamos o prazer do sol e das águas tépidas da superfície. Agregamo-nos mais. Ganhamos peso. E começamos a submergir. Na descida vertical, descobrimos mundos fantásticos, ocultos à luz. Para nos protegermos do frio, reforçamos a nossa couraça; envoltos em escuridão, tornamo-nos opacos; cruzando a linha das mais baixas correntes, conhecemos enfim a quietude; e ao bater no fundo, finalmente o silêncio. Enterram-nos camadas imperceptíveis. Ganhamos pressão. E no interior da couraça, em torno do insignificante nada que nós éramos, gira agora uma imensa energia, vibrante, desperta, fortalecida. A couraça fende, depois explode, e o insignificante nada que nós éramos dispara como um projéctil, rasga o caminho inverso, irrompe acima das águas, roça os infinitos e finalmente desce planando, leve e delicado, até tocar de novo a tepidez da superfície. De novo sob o sol, é invadido por uma imensa felicidade, realizando na sua essência o espólio da sua viagem. Já não teme a maré batente. Não precisa (nem quer) agregar-se. O poderoso tudo que nós somos brilha, tal como antes brilhava o insignificante nada que nós éramos... Igual em tudo, excepto em nós.

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