Folha #5_burilatto
Burilam os dedos nos tampos das mesas dispostas e as canetas hirsutas sob as molas gastas.
Burilam as gravatas laças, depostas em camisas tintas, línguas de rios de nada...
Burila a voz que comanda o comando das vozes, demais, em silêncio.
Burilam-se os pensamentos, lançando perguntas de intrépido tom, e todos fingindo isso não ver, todos a aquiescer, sob a voz do comando.
Burila-se o respirar, preso, forçado, sob toda aquela tensão, que uma ampla inspiração por demais causaria indesejada atenção.
Burila-se o calcanhar, musicando a memória em melodia qualquer, que afinal tem sentido, relembra algo perdido e muito querido.
O burilo acaba quando ela entra na sala, com um oito à saia, qual planador, pousando com graça; e da lista que lê, olhos baixos levanta, logo outro condor, até mim que desvio, pressentida pena. Não disse o meu nome, não foi desta vez, burilo até casa, os meus passos sem graça.
Burilam as gravatas laças, depostas em camisas tintas, línguas de rios de nada...
Burila a voz que comanda o comando das vozes, demais, em silêncio.
Burilam-se os pensamentos, lançando perguntas de intrépido tom, e todos fingindo isso não ver, todos a aquiescer, sob a voz do comando.
Burila-se o respirar, preso, forçado, sob toda aquela tensão, que uma ampla inspiração por demais causaria indesejada atenção.
Burila-se o calcanhar, musicando a memória em melodia qualquer, que afinal tem sentido, relembra algo perdido e muito querido.
O burilo acaba quando ela entra na sala, com um oito à saia, qual planador, pousando com graça; e da lista que lê, olhos baixos levanta, logo outro condor, até mim que desvio, pressentida pena. Não disse o meu nome, não foi desta vez, burilo até casa, os meus passos sem graça.
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