bios #1_o baloiço
...esse amigo das horas, pendurado à minha medida, cordas velhas, já roídas, tábua de madeira queimada, os restos oficinais do meu avô… sentava-me nele, arrastando pés e poeira, «que vai ser hoje?...», massajando os pés, as bolotas do sobreiro, crescem, imagino-as foguetões, e eu piloto espacial, adrenalina subindo, o baloiço ganha balanço, mais alto, mais alto, o ramo hesita, a corda range, mais alto, mais alto «olá Houston, daqui Armstrong», o foguetão vai cair, ou aterrar?, escolho o final feliz, abrando, o ramo oscila cada vez menos, o «rnhec» da corda dilui-se na tarde amena, estou descalça, coberta de poeira, as unhas dos pés negras, exulto só de evocar em espírito a palavra: «porcalhona!», assim dita pela minha avó, assim cheia de um nojo carinhoso, o piloto espacial cruza o portal intergaláctico, avança destemido por entre as vaias do inimigo, despe-se no ponto de controlo e… oh, vai virar princesa!... mas essa é outra emoticena!
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...esse amigo das horas… balanço máximo e quando já começa a descida, zás, um safanão para o lado, a corda torce uma vez, balanço máximo e quando já começa a descida, zás, safanão para o lado oposto, a corda destorce, vai-se aos zigue-zagues… ou pião, enrola, enrola, até não dar mais, segura bem as cordas, começa a afastá-las, destorce, destorce, acaba-se como um pião, tonta, tonta… ou trapezismos, todos acabados em «bonitooooooooo», como diz a senhora brilhante do Circo Chen, tipo agarrar bem as cordas e pés para o ar, ou prender nelas os tornozelos e largar, ou ganhar um certo balanço e saltar no ar, para a frente, e cair bem, ou deitar a barriga na tábua e embalar sem segurar, ou fazer o pino em cima da tábua (desde que alguém a segure, claro!).
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...esse amigo das horas… balanço máximo e quando já começa a descida, zás, um safanão para o lado, a corda torce uma vez, balanço máximo e quando já começa a descida, zás, safanão para o lado oposto, a corda destorce, vai-se aos zigue-zagues… ou pião, enrola, enrola, até não dar mais, segura bem as cordas, começa a afastá-las, destorce, destorce, acaba-se como um pião, tonta, tonta… ou trapezismos, todos acabados em «bonitooooooooo», como diz a senhora brilhante do Circo Chen, tipo agarrar bem as cordas e pés para o ar, ou prender nelas os tornozelos e largar, ou ganhar um certo balanço e saltar no ar, para a frente, e cair bem, ou deitar a barriga na tábua e embalar sem segurar, ou fazer o pino em cima da tábua (desde que alguém a segure, claro!).
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