A Ti, Mãe

O melhor de mim,
O que mais alto em mim aspira,
Foste, és e serás sempre Tu, Mãe.
O teu amor, o teu carinho, a tua compreensão,
Foram as pontes entre mim e o mundo,
Que semeaste no meu coração.
Passo a passo, dia após dia,
Todo o teu tempo e dedicação,
Foram sendo, em mim, a alegria,
A força e a confiança,
Para arriscar, sabendo perder,
Para sonhar, sem limites ao ser,
Para me dar e receber,
Para aceitar, amar e sofrer.
E sendo mãe, realizei tudo isto,
Numa descoberta algo infantil
De que tudo o que eu era,
Tudo o que aprendera,
Tudo o que me acontecera,
Não o devia a mais ninguém,
Senão a ti, Mãe.
Foste tu que me ensinaste,
A rir e a cantar,
A vestir, a lavar,
A ler, a escrever, a desenhar.
A teu lado fiz
Todas as minhas importantes descobertas.
E por tua mão descobri,
Pessoas, coisas, lugares,
Que me ampliaram o mundo
E a minha vontade de estar nele.
Foste tu que em mim despertaste
O amor à vida, à natureza, à humanidade e à arte.
Foi a tua graça, elegância, alegria e eficácia,
Em cada coisa que fazias (e fazes!),
Que plantou em mim a convicção inabalável
De que a vida seria, para mim, também assim,
Bela, plena, harmoniosa e feliz.
Pudesse eu ter, pelo menos,
Um décimo das tuas capacidades,
E o mundo todo um centésimo,
Das tuas qualidades,
E eu não sentiria
Este, por vezes, atroz sentimento
De ter vivido um sonho,
Até ao dia em que tombei do ninho
E vi o teu sorriso brando
Emoldurar com doçura
Os meus esforços, conquistas e fracassos,
Toda a vida que, de repente, se me deparou nos braços.
Tudo isto tu sabias, como agora eu sei.
E retomo a força, a esperança, a alegria,
Por saber o que é o amor de mãe:
Infinitamente grande, presente e duradouro,
Tecido numa trama que exclui a posse,
Por um fio inesgotável que a si nada reclama,
Feito de puro amor virgem,
Dádiva cujo retorno é agasalho infantil,
Pois amamos em corrente,
E do que recebemos atrás,
Cumpre-nos dar para a frente.

Amo-te muito, minha Mãe.

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