círculo de luz
por fim, sentei-me.
tinha decidido ficar um pouco de fora, a observar.
as bacantes dançavam a um canto, cúmplices, intimas, belas...
os seus cabelos agitavam-se suaves, ondulando na melodia de uma intuida brisa.
deslocavam-se ágeis, estendendo os braços, volteando na luz, as suas vestes translúcidas erguiam-se em finas ondas que lambiam o espaço com doçura.
foi então que a líder se aproximou de um rapaz. um feixe de luz ergueu-se no espaço, como um vórtice, unindo os seus corpos. por fim, ele afastou-se. ela continuou a dançar, perto de mim, enquanto ele, ao fundo, procurava algo. de repente, numa fracção de segundo que deve ter sido o meu piscar de olhos, ela já estava junto dele, novo feixe, e desapareceram para lá da porta. de imediato, as outras bacantes, sempre dançando, aproximaram-se da porta, espreitando, infantis, cúmplices... celebravam com jovial alegria a caçada. o tempo passava. foi então que ele voltou, sozinho. tinha decorrido algum tempo, mas não o suficiente para a consumação do encontro que toda a cena prometia. ele voltou ao círculo de dança e de novo se pôs a dançar. eu observava-o, ocasionalmente, fortuitamente. esperava o regresso da líder. as noviças rodeavam-no, dançavam com ele, empurrando-o suavemente em direcção da porta. mas ele sempre voltava. então, num gesto fortuito, ele virou-se para trás e olhou para mim. dedicava-me, em silêncio, aquela recusa. eu sorri. por segundos, desejei ser bacante. sorri de novo. voltei ao círculo de luz e um inesperado feixe engoliu-me.
tinha decidido ficar um pouco de fora, a observar.
as bacantes dançavam a um canto, cúmplices, intimas, belas...
os seus cabelos agitavam-se suaves, ondulando na melodia de uma intuida brisa.
deslocavam-se ágeis, estendendo os braços, volteando na luz, as suas vestes translúcidas erguiam-se em finas ondas que lambiam o espaço com doçura.
foi então que a líder se aproximou de um rapaz. um feixe de luz ergueu-se no espaço, como um vórtice, unindo os seus corpos. por fim, ele afastou-se. ela continuou a dançar, perto de mim, enquanto ele, ao fundo, procurava algo. de repente, numa fracção de segundo que deve ter sido o meu piscar de olhos, ela já estava junto dele, novo feixe, e desapareceram para lá da porta. de imediato, as outras bacantes, sempre dançando, aproximaram-se da porta, espreitando, infantis, cúmplices... celebravam com jovial alegria a caçada. o tempo passava. foi então que ele voltou, sozinho. tinha decorrido algum tempo, mas não o suficiente para a consumação do encontro que toda a cena prometia. ele voltou ao círculo de dança e de novo se pôs a dançar. eu observava-o, ocasionalmente, fortuitamente. esperava o regresso da líder. as noviças rodeavam-no, dançavam com ele, empurrando-o suavemente em direcção da porta. mas ele sempre voltava. então, num gesto fortuito, ele virou-se para trás e olhou para mim. dedicava-me, em silêncio, aquela recusa. eu sorri. por segundos, desejei ser bacante. sorri de novo. voltei ao círculo de luz e um inesperado feixe engoliu-me.
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