Deformaram-se os corpos, como puderam, num silêncio absorto, numa auto-escultura feita de bossas e fossas, multilações e extensões, desvios e torções. Ousaram então caminhar, esses corpos, humanos e naturais, depois de feros. Por fim pontuaram-lhes alma em vibrações, sonoridades orgânicas. Treparam por si mesmos a dentro, os bufões de santa maria, rindo entre si, escarnecendo dos demais, convocando por via de danças e cânticos endemoninhados, subtis, um coro, um magnífico coro de deformidades... Os médicos largaram as urgências e lançaram-se no seu encalço. «Cubram esses seres abjectos!», gritavam, uns para os outros; «Deixem-nos falar!», pediam os doentes, erguendo-se das macas, «Queremos ouvi-los!», exigiam, reanimados pela intrépida febre dos bufões em desfile. À sua passagem reverberava o caos; dançavam as macas, as máquinas e os suportes intravenosos, vomitavam-se os armários e as prateleiras, planavam as roupas de cama, desaparecia o jantar nos tabuleiros... Os seguranças cuspiam
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