vadis
o bebé dormia o seu sonho azul de lua cheia entre suaves odores de rosmaninho. e ele velava-o com devoção, com emoção, com toda a esperançosa alegria de futuro ali posto, entre cada subtil expiração a fluir com a vida. a cada afago, rememorava a noite sangrenta, os gritos, os estertores, os impulsos animais da guerra atirando irmão contra irmão, espada contra espada, coração contra coração. e neste berço... a eternidade. porquê? porquê? porquê?, repetia para si mesmo, sem encontrar razão. pela glória? pela vida? pela liberdade? tudo lhe soava insentido e amargo. mesmo tendo vencido, tinha perdido. a paz seria a glória. o entendimento seria a vida. o respeito teria sido a liberdade. o bebé agitou-se um pouco, abriu e fechou as mãozitas junto ao queixo, exalou um pequeno suspiro e de novo mergulhou no seu sonho. vadis chorava o grande guerreiro rival, caído no solo lamacento sob a sua espada, benzido pela chuva copiosa daquele dia sombrio. chorava todos os homens perdidos na lama, arrast